É hora de reflectir no que há ainda a dizer sobre este património natural e humano. «Pare. Escute. Olhe.» é o nome do documentário de Jorge Pelicano que tem precisamente a Linha do Tua como fio condutor de uma chamada de atenção para o que José Manuel Pavão diz “valer a pena parar, explicar e poupar”!
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Artigo - 21 outubro 2009 | AS ARTES ENTRE AS LETRAS
É hora de reflectir no que há ainda a dizer sobre este património natural e humano. «Pare. Escute. Olhe.» é o nome do documentário de Jorge Pelicano que tem precisamente a Linha do Tua como fio condutor de uma chamada de atenção para o que José Manuel Pavão diz “valer a pena parar, explicar e poupar”!
domingo, 30 de maio de 2010
Apresentação do filme/documentário “Pare, escute e olhe" em Mirandela
No passado sábado, centenas de pessoas marcaram presença nas duas sessões da película que mostra o abandono da linha do Tua, mas também quis chamar a atenção para o lado humano. Jorge Pelicano admite que se trata de um filme “parcial”, porque “acabei por ficar muito tocado com a solidão das pessoas e o abandono a que esta região tem sido votada nos últimos anos”, conta o repórter de imagem da SIC.
Fernanda vive numa estação abandonada. Abílio Ovilheiro, ex-ferroviário, vive numa estação activa, autêntico sabedor de notícias da região Pedro Couteiro, activista, um acérrimo defensor dos rios. Jorge Laginhas, escritor transmontano, conduz-nos às entranhas e beleza do vale. São apenas alguns dos vários protagonistas do filme.
Berta Cruz, utilizadora frequente do comboio, necessita do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, gostou do filme e reitera a sua defesa da linha do Tua, porque “faz falta aos pobres”, disse.
João Batista também protagoniza, na película, uma acesa discussão sobre os benefícios da linha do Tua em detrimento da barragem do Tua. Depois de ver a sua prestação no filme, renova a sua tese: “a barragem não presta para nada só vai servir para nos tirar as nossas terras”, disse no final do filme com cerca de hora e meia.
No final das sessões, os protagonistas do filme não escondiam a satisfação de participarem activamente neste documentário, e reiteram a necessidade de reabrir a linha do Tua, que está parcialmente encerrada, entre o Cachão e o Tua, desde Agosto de 2008, altura em que um acidente causou uma morte e dezenas de feridos.
José Silvano, autarca de Mirandela e defensor da continuidade da linha do Tua, considera que o filme “é um bom instrumento” para defender esta causa, mas alerta para a necessidade de “ser prioritário conseguir que os próprios transmontanos sejam unidos na defesa deste património do vale do Tua”, explica.
Um mês depois da sua estreia, o filme/documentário “Pare, Escute e Olhe” rodou, em Mirandela. A película realizada que defende a preservação da linha do Tua já ganhou seis prémios em dois festivais de cinema e vai passar a estar em diversas salas de cinema, a partir de Janeiro do próximo ano.
O filme/documentário
O documentário começa com um recuo temporal para ajudar a perceber as causas do despovoamento e as medidas tomadas em torno da questão da via-férrea do Tua: as promessas políticas, o encerramento da Linha do Tua entre Bragança e Mirandela (1991), o “roubo” das automotoras pela calada
da noite (1992), o fim do serviço público dos transportes alternativos.
Quinze anos depois, em 2007, no troço desactivado, as aldeias estão isoladas e despovoadas. Durante os dois anos de filmagens (2007 a 2009), no troço activo, sucessivos acidentes, o anúncio da barragem, a incúria dos responsáveis na manutenção da linha, marcaram os acontecimentos.
“Pare, Escute, Olhe”, é um documentário “interventivo e assume o ângulo do povo para traçar um retrato profundo de Trás-os-Montes”, conta o realizador. Por isso a história, não tem propriamente um personagem principal, mas vários: utilizadores assíduos do comboio que necessitam do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, um activista defensor da linha, um escritor transmontano que nos conduz às entranhas do vale do Tua, um ex-ferroviário que vive numa estação activa, uma autêntico sabedor das notícias da região.
A acção desenrola-se em Trás-os-Montes, Lisboa (centro de decisões do poder central) e Suíça, um bom exemplo de rentabilização e aproveitamento das vias-férreas para o turismo e serviço às populações.
Texto: Fernando Pires in Mensageiro Notícias
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
História da Linha do Tua
1º TROÇO - FOZ-TUA-MIRANDELA
Ano de 1878
Foram apresentados dois projectos para a construção de uma linha que ligasse Mirandela e Bragança com o caminho de ferro do Douro:
- Um apresentado pelo engenheiro militar João José Pereira Dias e pelo condutor Bernabé Roxo, sob a direcção do engenheiro Sousa Brandão, pela margem direita do Rio Tua;
- Outro da autoria do engenheiro António Xavier de Almeida Pinheiro, pela margem esquerda do Rio Tua.
22 de Junho de 1882
A Câmara Municipal de Mirandela deliberou representar à Câmara dos Pares pedindo a aprovação do projecto de lei que concedia a subvenção de 135 contos de réis para garantia do juro de 5% à empresa que viesse a construir a linha férrea Foz-Tua a Mirandela. Várias individualidades importantes do Porto, nomeadamente Clemente Meneres, coadjuvaram os esforços e as petições da câmara.
11 de Janeiro de 1883
A Câmara Municipal de Mirandela representou a El-Rei, pedindo a construção da linha férrea até Mirandela e dirigiu-se à Associação Comercial do Porto solicitando os seus bons ofícios para apoio da pretensão.
Dezembro de 1883
O Governo adjudicou ao Conde da Foz a construção da linha férrea de Foz-Tua a Mirandela. Mais tarde, trespassou o contrato de construção à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro, cujos trabalhos foram dirigidos pelo engenheiro Dinis da Mota.
26 de Maio de 1884
Essa adjudicação foi confirmada por um decreto do Governo.
30 de Junho de 1884
Assinatura do contrato definitivo.
16 de Outubro de 1884
Inauguração dos trabalhos em Mirandela.
27 de setembro de 1887
Abertura solene da linha ao público, com 54 kms de distância e várias obras de arte.
29 de Setembro de 1887
Inauguração da linha com a presença de El-Rei Dom Luís, da rainha D. Maria Pia, de vários ministros e convidados, salientando-se o artista Rafael Bordalo Pinheiro. A companhia construtora ofereceu um lauto jantar com duzentos talheres no barração do cais das mercadorias, pintado por Manini e decorado por Marques da Silva.
Na mesa real tomaram lugar o Visconde das Arcas, governador civil de Bragança, Bispo da Diocese, General Malaquias de Lemos, Presidente da Câmara Municipal de Mirandela e Visconde de Moreira de Rei, etc.
As locomotivas, que tinham os nomes de Vila Real e Mirandela, foram benzidas pelo Bispo de Bragança, que foi acolitado por 20 eclesiásticos.
01 de Outubro de 1887
O Diário do Governo dá conta do acto de inauguração.
2º TROÇO - MIRANDELA-BRAGANÇA
20 de Julho de 1903
Graças ao empenho do Conselheiro Abílio Beça, que foi deputado por Bragança e Governador Civil de Bragança, o governo resolve pôr em arrematação o prolongamento da linha férrea até Bragança, tendo-se iniciado os trabalhos após decisão da Câmara Municipal de Bragança.
Estiveram presentes nessa reunião:
- Vice-Presidente da CM de Bragança, Sebastião dos Reis Macias;
- Secretário da câmara;
- Governador Civil de Bragança, Abílio Augusto de Madureira Beça;
- Representante do Governo, engenheiro-chefe da fiscalização da linha
Foz-Tua-Bragança, Afonso Pereira Cabral;
- Representante da Companhia Nacional de Caminhos de Ferro, inspector
da linha férrea de Foz-Tua a Mirandela, Simão Marques Pinheiro;
- Engenheiro director da construção do caminho de ferro de Mirandela
a Bragança, Manuel Francisco da Costa Serrão;
- Empreiteiro geral da construção da linha férrea de Mirandela
a Bragança, João Lopes da Cruz;
- Bispo de Bragança, D. José Alves Mariz.
Compareceram também outras classes sociais da área comercial, industrial e artística.
As pessoas mais directamente ligadas à construção da linha férrea de Mirandela a Bragança tiveram um destino infeliz. O Conselheiro Abílio Beça morreu sob a s rodas de um vagão na estação de Rossas quando tentou subir para o comboio em andamento. O empreiteiro Lopes da Cruz faliu sem ter chegado ao final da construção e o engenheiro Costa Serrão não conseguiu, por isso, satisfazer os seus débitos.
Junho de 1905 – reatamento das obras para conclusão do troço Mirandela-Bragança.
2 de Agosto de 1905 – abertura até ao Romeu.
15 de Outubro de 1905 – Chegada a Macedo de Cavaleiros.
18 de Dezembro de 1905 – a linha abre-se até Sendas.
14 de Agosto de 1906 – chegada a Rossas.
1 de Dezembro de 1906 – finalmente está concluída a obra até Bragança.
1910 – O Conselheiro Abílio Beça morre num incidente na Estação de Salsas, atropelado pelo comboio. O empreiteiro João da Cruz faliu por causa da linha.
Década de 1940 - A Linha do Tua passa para a CP.
Década de 1980 – desapareceram as locomotivas a vapor.
15/12/1991 – Encerramento do troço Mirandela-Bragança
28 de Julho de 1995 – Reabertura do troço Mirandela-Carvalhais com o modelo de Metropolitano de Superfície. As automotoras eram as Duro Dakovic, série 9500 e foram denominadas de Lisboa, Paris, Estrasburgo e Bruxelas. Esteve presente o 1º Ministro Cavaco Silva no acto de inauguração
2001 – o clássico comboio formado por locomotiva Alsthom (da série 9020, com uma potência de 1000 cavalos) e carruagens "napolitanas" (construídas em Nápoles em 1931), foi substituído por uma automotora a diesel, mais leve e de exploração mais barata. O Metro de Mirandela (empresa municipal participada pela C.P., E.P.) passa a explorar toda a via, desde o Tua até Carvalhais. Mudança radical nos horários, e introdução, temporária, de autocarros de substituição. Início das obras de reconversão da estação de Bragança.
24 de Janeiro de 2004 - Inauguração da estação rodoviária de Bragança, no edifício da estação ferroviária e espaços adjacentes.
Abril de 2004 – o Conselho de Gerência da CP deliberou instaurar um inquérito pelo alegado roubo de 504 toneladas de carril num troço desactivado entre Carvalhais e Avantos; no entanto a empresa de Ovar, a O2, assevera ter actuado na mais perfeita legalidade.
Outubro de 2006 – é formado em Coimbra o Movimento Cívico pela Linha do Tua.
12 de Fevereiro de 2007 – uma carruagem cai ao rio Tua ao quilómetro 6, vitimando três pessoas e ferindo mais duas.
Fonte: «Mirandela - Apontamentos Históricos» de Padre Ernesto de Sales
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Natureza e Objectivos
1. A Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, é uma pessoa colectiva de direito privado sem fins lucrativos, que tem por objectivo a inventariação, salvaguarda, defesa e estudo do património natural e cultural da Bacia Hidrográfica do Rio Tua nos seus aspectos monumental, urbanístico, natural, histórico, arqueológico, etnográfico, artístico e ecológico, bem como o intercâmbio de conhecimentos com outras associações congéneres do País ou do estrangeiro, que se regera pelos presentes estatutos, pelos regulamentos internos que vierem a ser aprovados e demais legislação aplicável.
2. Para a prossecução do seu objecto, a Associação compete essencialmente:
a) Inventariar e propor a classificação de todos os elementos com interesse para a património natural e cultural da região banhada pelo Rio Tua:
b) Promover, pelos mais adversos meios actividades de defesa, conservação e utilização do património natural e cultural tendo em vista a sensibilização das autarquias locais e das populações, para a necessidade de protegerem e conhecerem melhor os seu valores tradicionais, naturais e culturais, bem como levá-las a uma responsabilização e participação neste empreendimento:
c) Denunciar e tentar impedir a prática de actos ou a existência de omissões que possam conduzir à degradação ou perda de qualquer valor patrimonial ou afectação do conjunto ou meio ambiente em que o mesmo se deve considerar inserido:
d) Através do estudo e da investigação nomeadamente de arquivo, documentação e de campo, promover o conhecimento científico da região, nos seus aspectos socioeconómicos, políticos, artísticos e arqueológicos:
e) Promover o levantamento cultural da região com incidência nos aspectos etnográficos e artesanais:
f) Promover o levantamento e protecção das unidades naturais definidas em termos de património florístico, faunístico e geológico da região, tendo em vista o seu carácter científico, bem como a qualidade do meio ambiente:
3. Tendo em vista a prossecução dos seus fins, a Associação competirá também promover:
a) A edição ou reedição das obras ou trabalhos relativos aos vários aspectos da vida da região:
b) A publicação de um boletim que será o órgão noticioso das suas actividades:
c) Exposições, conferências e cursos e outras manifestações culturais:
d) A colaboração com todas as Associações congéneres, nacionais ou estrangeiras:
e) A prestação, em casos justificados, de auxílio moral e material a iniciativas alheias, desde que elas estejam dentro dos objectivos e propósitos desta Associação:
f) A colaboração e apoio que lhe for possível aos órgãos de Administração Central, Autarquias Locais, especialmente as Câmaras Municipais nos seus sectores técnico, cultural e de turismo e bem assim, a museus, a associações de utilidade pública, colectividades, órgãos de comunicação social e entidades escolares:
g) A criação de grupos de trabalho ou comissões, encarregados de pesquisas, estudos e quaisquer outras tarefas apropriadas cujas actividades serão coordenadas pela Direcção:
h) A exploração do potencial do Vale do Tua tendo em vista o desenvolvimento sustentado das populações das economias locais e do turismo regional.